quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ultimatum


ATENÇÃO!


Proclamo em primeiro lugar,


A LEI DE MALTHUS DA SENSIBILIDADE


Os estímulos da sensibilidade aumentam em progressão geométrica; a própria sensibilidade apenas em progressão aritmética.


Compreende-se a importância desta lei. A sensibilidade - tomada aqui no mais amplo dos sentidos possíveis - é a fonte de toda a criação civilizada. Mas essa criação só pode dar-se completamente quando essa sensibilidade esteja adaptada ao meio em que funciona; na proporção da adaptação da sensibilidade ao meio está a grandeza e a força da obra resultante.

Ora a sensibilidade, embora varie um pouco pela influência do meio atual, é, nas suas linhas gerais, constante, e determinada no mesmo indivíduo desde a sua nascença, função do temperamento que a hereditariedade lhe infixou.

As criações da civilização, que constituem o "meio" da sensibilidade são a cultura, o progresso científico, a alteração das condições políticas (dando à expressão um sentido completo); ora estes - e sobretudo o progresso cultural e científico, uma vez começado - progridem não por obra de gerações, mas pela interação e sobreposição da obra de indivíduos, e, embora a princípio lentamente, breve progridem ao ponto de tomarem proporções em que, de geração a geração, centenas de alterações se dão nestes novos estímulos da sensibilidade, ao passo que a sensibilidade deu, ao mesmo tempo, só um avanço, que é o de uma geração, porque o pai não transmite ao filho senão uma pequena parte das qualidades adquiridas.

Temos, pois, que a uma certa altura da civilização há de haver uma desadaptação da sensibilidade ao meio que consiste em seus estímulos - uma falência portanto. Dá-se isso na nossa época, cuja incapacidade de criar grandes valores deriva dessa desadaptação.


(A seguir..... Ao final deste Ultimatum reserva-se uma surpresa. Boa noite a todos.)
Véia do Bonfa

Nenhum comentário: