domingo, 18 de fevereiro de 2007

fátuos fatos


a literatura brasileira tem um peso considerável quando tento, em vão, eleger os meus escritores favoritos; entretanto, não posso deixar de confessar que tenho uma particular inclinação à literatura portuguesa. gosto aos cântaros da maleabilidade do português de Portugal, por entender que a linguagem daqueles mares e fados apresenta-se beeeeeem mais alongada do que a nossa. Isso não quer dizer que estejamos aquém do falar ou escrever lusitano. não, não é isso. acontece que as línguas são como seixos de um rio - quanto mais tempo transcorrido de seu uso no falar, mais alcance cognoscível de explicar um pensamento abstrato ter-se-á. logo, é cabal, as pedras lingüísticas tomam formas assaz arredondadas quando a aguaceira passa por elas há mais tempo no tempo.

gosto de todos os falares desse mundo. das nações mais literárias do velho mundo às mais ágrafas da África. porém, arrogo-me o direito de perceber que, quanto mais recente o estágio de formação de um idioma, mais abruptas lhe são as formas lingüísticas dentro do viés literário, que, muitas vezes, estão próximas, pertinho, pertinho da oralidade. ou seja, ler um livro como se estivéssemos ouvindo uma conversa.
mas vejam bem, quero deixar bem claro: jamais querendo insinuar com isso que belas não o são essas letras, pois há interessantíssimas obras angolanas, Luuanda, de José Luandino, e moçambicana (essa é doidera pura), de Couto Mia, em O último vôo do Flamingo, que nas prateleiras estão para fazer jus às minhas palavras de agora. e nossa, mãe, dá para aprender muita, mas muita coisa. aliás, gentes, essas leituras são uma aula velada de encorajamento a perder o medo do 'fazer-assim-ou-assado, professor?'
Ei-los. Ei-los, lolas e lolos ... ah, apenas para não ficar tolos.


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nesses dias de férias, dedico-me a tão ansiada liberdade literária expectantemente aguardada ao cúmulo de riscar durante meses a fio, pauzinho-em-pauzinho naquele ordinário papel específico de detenta do templo dogmático. (SAI PRA LÁ BICHO!) por esses dias de início de 2007, saio das emareadas ressacas canônicas para balouçar em outros mares não muito distantes. 'Estou a ler' A Voz da Terra, de Miguel Real. Trata-se de um romance histórico que narra a história do Marques de Pombal, nos cambiantes rumos de uma Lisboa supersticiosa e imperial para uma Lisboa burguesa, racional e geométrica, conseqüência do Maremoto de 1755. Xi, mas peraí, nem sei se isso é tudo ainda que afirmei! estou aqui, à deriva, em imaginária terra lisboeta porreta, sem a pressa cartão-ponto tão usual em minha vida. agora é férias, estou no mar, vou quando quero para baixo d´água, mergulho bastante, ieu, mazoca bem quista, sou comparsa da dor, abro os olhos no sal grosso em meio aos planctons, uia, bato o pé para escutar barulho de bagunça e lembrar da infância que ainda é, fico horas imersa até enrugar a pele e ficar uma ameixa seca do charque, volto arriscando-me em passo-contra-passo no trajeto do chão fofo, estico a canga na areia farinhenta tãããão bonita, pego um sol bem morninho de arrepio, e então, estico o livro bem alto em cima do cabeção, ah, coisa boa, e ele é bem grandão, bem pesado é o meu mais novo guarda-sol. Obrigada, Josué, por fazer eu economizar o bloqueador solar. Assim, poderei comprar outros livros.
;)



sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Caixa de Pensamentos #2

Coeso é um coelho preso à uma série de normas e formas. Ele independe de uma moral para estar lá.
Todo coeso, o coelho.
Ora, que coelho será esse? Será que ele é coerente esse, coelho coeso?

Vamos ver, hum... oh, deixa isso pra lá. Tá complicado de explicar.
Imagina de entender.
Já há uma série de questionamentos acerca deste coelho. Quem sabe no próximo minuto, o coeso não liga novamente as minhas idéias? O coro simplesmente não me deixa mais pensar.

Um menos que outro.
Uns tantos fazendo pressão.
Coesos? Jamais!

Oh, sim! Porque não podem ser coesos os coelhos incoerentes?
Insisto que juízos de moral soam indiferentes aqui.

Afinal, de onde saiu este coelho?

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Caixa de Pensamentos #1



Travessuras

Dentro das tuas patinhas
Tens amor e feijõezinhos
Tens imenso amor pelas coisas banais,
pelos pássaros, e cheiros, e por todos os sabores
[chego a acreditar que tu sonhas um mundo só de cheiros e de sabores]


As luas passam por dentro dos teus olhos
Olhos de gentes?
Olhos de raposa?
Tão longe e tão além enxergam esses teus olhos!
[me desconcerta, quando não enxergo até onde a tua visão vai...]

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Por dentro
o colorido é
em preto e branco.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Atalho


Apresento-me aos usuários deste nada humilde blog para tentar contribuir ,de alguma forma,
e me fazer presente.
Esta sociedade formada por pessoas de plástico, moldadas ao bel prazer da mídia e outros...
Pessoas influenciáveis, sem constância de comportamento que quase sempre se embasam em
pensamentos e filosofias alheias...É para estas pessoas que também devemos escrever.
Devemos não impor as nossas verdades, porque são nossas e subjetivas, porém devemso apenas
mostrar-lhes um novo caminho, um atalho, um desvio na rotina de seus pensamentos....
É isso.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

a menina das nuvens zapt-zum!

Para minha Mãe, a minha amiga Parasempre.


existem dias especiais em que acordo presenteada por entidades ainda desconhecidas. e isso acontece quando me encontro entre o sutil limiar do torpor e da vigília, naquele momento em que os olhos abrem pesados, porém ainda voltados para dentro da gente e então, a poesia vem, vem muito-muito, como uma fresca cascata livre de impedimentos, sobrepondo meus pensamentos café-com-pão, pão-com-café. ai, e é tão bom, mas tão bom tudo aquilo, que fico ali, dando muitos, muitos replays nas rimas que vêm, tentando decorar para o todo sempre aqueles cânticos cadenciados só meus e que mal nasceram ainda.


mas a vida nos prega peças a todo instante, e Darwin é meu inimigo. de chofre, chega colocando o pé na minha porta dos sonhos. e tão logo a seleção natural da poesi vira o dorso à vertical, o lado triste da história aparece quando o pé ruma ao parquet. ai, e todo aquele mundo lindo se dissipa tal qual uma nuvem de pó explodida. PUF! e todo aquele tesouro vai embora para nunca mais aparecer. ai, e dói, dói dorzinha de machucado a perda dolorosa das palavras. claro! não há meios de voltar para pegá-las, e humpf! nem me lembro mais do agorinha ali atrás do tempo do agora mesmo...

ah, apenas esparsa, uma melodia gostosa, lá no fundo do peito, mas ingrata a mim, tirana, e intransponível aos meus sentidos já com os dois pés, aqui, na freqüência da vida como ela é.
por isso, hoje, decido que preciso ser caçadora das nuvens que trazem brilhantes presentes de gênio mágico no despertar. só que ao invés de ter um aro envolto a uma rede para caçar borboleta, terei um lápis e algum papel em mãos para me arriscar em zupt! serei a tirana menina banana zapt-zupt! porque é preciso lembrar que elas não voltarão se não apanhá-las de rabisco. ah, e essas nascidas de punho adormecido são as mais valiosas, pois são as vozes escritas dos poetas de alma.