domingo, 30 de setembro de 2007

Um pouco de magia, um passo em falso.


Acreditava piamente na magia do circo. Amava a vida performática do artista circense, nos gloriosos momentos vividos pelos artistas do picadeiro. Sentia uma certa inveja deles, por não ter, entre todas as suas habilidades, a de poder se sentir eterno em alguns poucos minutos.

A premissa de uma vida.

Como num passe de mágica, todas as coisas que perturbavam sua consciência aparentemente sadia haviam sido retiradas.

Não exatamente de uma hora para outra – até mesmo porque teríamos aí um milagre e não um passe de mágica. Tudo aquilo que vivenciou não são coisas assim tão fáceis de se apagar. Operou uma revolução; retirou aquele cancro à força, anestesia peridural: viu tudo sair. Era tanta coisa que até se admirou. Viu até o que não devia.

Saiu correndo para a farmácia mais próxima para comprar gaze. Precisava estancar o sangue que teimava em não coagular.

Coagulava em não teimar.

Sabia o que fazer e parava de fazer por não saber por onde recomeçar. Sem um pedaço de si, correrias em torno de uma busca incessante pela perfeição. “Que mundo cru-el”, pensava.

O céu era a rutilante testemunha de sua figuração no trapézio imaginário, num vai-vem de idéias, pessoas e sentimentos assombrosos. Sentia-se ora gente, ora planta em meio à tantas outras gentes.

Reticente e redundante era o tudo à sua volta. Tudo tão bem construído e tão bem planejado. “Eram para ser perfeitas as coisas”.

Iludia-se.

Cruéis eram as pessoas, mal sabia.

domingo, 23 de setembro de 2007

Especial ou espacial?

Vinda em uma semente espacial não se sabe d'onde
Perdida das mãos dos Deuses
Uma centelha divina que germina e ilumina o mundo com sua infinita beleza.
Um corpo etéreo que levita, dança em meio aos viventes que se arrastam pesadamente, cegos à tudo, indiferentes.
Só mesmo alguns poucos videntes tem o prazer da epifania extraterrena.
Teu canto ecoa além das luzes da ribalta,
nem o vácuo pra ti é obstáculo: princesa astronauta.
Despreza a gravidade mundana, entre o céu e a Terra alternando as pautas.
Conjução astral de eternidades imensas,
não discordarei do que tu pensas... tu és espeicial...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Fim da Trilogia Sexual (ou o começo da odisséia)

Prá que todo esse pudor?
Nascemos e morremos pelados
E somos por natureza tarados
Então, qual é o motivo de tanto horror?

Nosso cinema é tão libertino
Fato que me causa tremenda emoção
E impõe-me, portanto, tamanho tesão
Não pode ser um mero desatino

Deixe-me ver se entendo
O motivo de tanto tormento
Vem dos Deuses e toda sua falta de nexo?

Só sei que os degraus da pureza vou descendo
E todos os insultos bravamente enfrento
Na busca de um eterno e ruidoso sexo!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

E agora?

Tem horas que me canso
E não é revolta adolescente
Nem rebeldia ao acaso

Mas há momentos em que preciso e não tenho o que supra e cumpra seu papel de conteúdo
Me sinto só
E não curto quem não me dá eco
Tem horas que me canso
E já nem fico furiosa ou desiludida

Nesses ocasos malucos, só fico mais certa de que meu porto
É adiante.

A tristeza adulta e aguda
De quem não está aqui,
Do tronco oco do que não me possui
E muito mais
Quando estou de saco cheio...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

palavras-licores


ele disse que eu era especial. mas houve um ligeiro equívoco; acho que trocou a palavrinha. eu sou espacial, das estrelas; porque especial, enrolado em fita é ele.



palaras-licores para o meu café da manhã
trouxeste envoltas entre mil sabores
há inclusive fumacinha de vapores!

então eu desembrulho,
pouco a pouco
vou preparando a mesa
e uma por uma
as vou servindo
estão tão docinhas
e perfumadas

hummm
já estou com sede
puxa a cadeira homi!
escolhe um cálice e não acanhe!
vamos beber algumas letrinhas
e esquecer que quando sozinhas
não podem ir longe no pensamento

um gole ali
outro gole aqui
que tal juntá-las?
tim-tim!
fazer muitas trilhas de caso pensado
e assim ler o caminho que se forma primeiro
me diz, qual letra tu começa escolhendo?



(hic! hic! hic!)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

história antiga

pego no sono, dentro do trem
vou parar na última estação
até o cobrador sumiu, não há ninguém
redemoinho de folhas pelo chão



o vento joga papéis na minha cara
tem um com mensagens cifradas
mas um código decifro, coração dispara
tudo muito claro nas letras embaralhadas



sento por ali, é um vento de temporal
decoro as mensagens enviadas
antes que a água da chuva, proposital
deixe todas as letras apagadas



não há pressa de ir embora
não temo mais esse lugar ermo
sabia que um dia ia chegar a hora
antes que pusesse tudo à termo



de longe, apita o trem, como uma visão
levanto, a chuva dispara, ele vem me buscar
a tinta escorre pelos dedos da mão
embarco, não há mais o que hesitar

perdi, finalmente, o medo

de voltar

sábado, 15 de setembro de 2007

Terra do Horizonte




Sobrevoando o mundo

na Terra do Horizonte

Passando sobre os trilhos

Os olhos fixos no infinito

Na magia dos sonhos

É hora de voar


Sentir a brisa do mar

Deslizar sobre as ondas

Contemplando a plenitude


Fitando o olhar

Então a noite cai

E é hora de voar


sexta-feira, 14 de setembro de 2007

the collectors

tem gente colecionando certezas
eu já colecionei figurinha
papel de carta, cartão telefônico
mônica e tampinha

no limbo, em algum inescrutável reino
além
minhas coleções se perderam,
para todo o sempre, amém

agora, veja só como já parte o trem
uma por uma
as certezas
para lá
se dirigem
também

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Ups!

Acabei de ler um poema
Que adorei
Mas o lírico fica na minha orelha, cochichando
Minha prosa não agüenta o caminho até o fim
Até porque preciso ir lá fundo e minhas linhas, hoje, estão deliciosamente indecentes.
E têm menores no recinto, sentem?

Então
Melhor deixar assim
Reverberar literariamente amanhã
Num dia de menos vento.

(silêncio)

Rima expectante

sol à pino
tricotando a mioleira
às vésperas do desatino
ando sem eira nem beira

um semi-deus se traveste de menino
eu sobrevôo,voyeur faceira
aguardo o momento vespertino
e desfraldo, bem à vista, a minha bandeira

Anne

eu sou anual, eu sou cocoon



um semestre puxado. são com essas palavras que eu poderia resumir os últimos cinco meses da minha vida. agora posso fazer os balanços acerca desse fugaz e bem aproveitado ano de 2004, vivido em todos os matizes de sua magia como se na máquina do tempo eu entrasse, parando vez outra em lotéricas, anotando os números vindouros, e vivendo de alguma forma, o sumo resgatado dos vinte e poucos pintados a dedo com aquarela infantil em vidro de escola.

meti os pés pelas mãos. me permiti ir à breca com jeito de moleca sem me importar em rebater sempre a peteca. fiz bobagens deliciosas e outras indizíveis até pro psiquiatra. ri muito, de rasgar o rosto ao meio e separar as duas metades pra cada lado. estudei língüística às turras e descobri os incontáveis universos existentes no cerne dos nossos tantos Brasis. ah, se valeu. ganhei pouco, gastei o que tinha sem badalação e ainda fazendo reservas às escondidas de mim mesma e...

votei, báh, votei no fogaaaaaça! ora vejam os rumos de uma petista filiada.



me desapeguei das coisas materiais. surpreendi algumas pessoas com coisas ruins, mas de todo verdadeiras. fui, de igual modo, surprendida por outras, de maneira singela e tocante, - um cartão em papel reciclado com letras lindas evocando felicidade e muita loucura até a cova; ah, e outro, tão bonito tanto quanto este - um envelope repleto de dizeres de amor e sonhos, convites eufemísticos de... coleguismo, brincadeiras, contendo canetas coloridas para usar em cada dia da semana.


esqueci de dizer alguns alôs a pessoas importantes da minha trajetória. não que eu as tenha esquecido. apenas acredito que não precisamos provar o tempo inteiro que estamos aí, no output real do cenário, estampando manchete semanal, mensal, pernoital, seja lá de cara bonita ou como o diabo for. eu vivo no input imagético e é isso que vale: a minha consciência de ser anual. na verdade, eu queria ser um cocoon brilhoso em água de piscina morna. esse é meu sonho momentâneo - ser cocoon. um cocoon anual.


briguei escorpioninamente com um ser em particular, atingindo em cheio seu coração com palavras bem combinadas em um misto de vingança e justiça módica ao meu ver no mercy, para me aliviar dos malditos pesos mortos nos bolsos da alma.
se me arrependo? ai, pensando bem, sim e ao mesmo tempo não. era um veneno forte, com muitos quês de mágoas amargas e tinha de sair das entranhas pra fazer vibrar a tensão superficial do açude de uma narcisa lá, equivocada por excesso de luz - camera - ação, mamãezinha!
(sorry, bündchen, mas eu cago e ando pra languidez do teu jeito artista conjunto-vazio).


anyway, fiz misérias, descobri cafofos, bueiros, sorrisos impagáveis de menino bonito que o mastercard não arrebata nem com lance final de bill gates. fiz um projeto que me fez crescer em muitos planos. gabaritei a última prova tola e a catarse se deu na quarta às 22 horas e 23 minutos em 1% de sociolingúística e 99% de pura inspiração, com a variabilidade lingüística de nosso vasto território, que fluiu tal qual os profusos rios, em sulcos quilométricos para a ponta da esfera da minha caneta.


já estou com saudades de estudar. já estou com saudades de algo que nem sei direito o que é. pode ser tanta coisa. mas ah, a saudade, esse sentimento gostoso dos que tem alma e às vezes sabem amar. saudade essa do lugar-comum do "só existe na língua portuguesa" (ah, não güento); mas independente disso, ela sempre me deu um amarguinho no início da faringe e fez encadear sucessões de sentimentos leves como o flutuar dos polímeros de parfum de paris.


o ciclo começa a fechar. uma outra mariana começa a nascer. e eu juro que sei, pra parir tem que ser é macho. vai doer. mas cada ano é diferente. cada dia é diferente. cada piscada é uma nova pálpebra a quedar. e sinto que tenho de ser forte e tentar não obedecer os ditames insanos do coração rebelde. nada volta atrás. e por isso eu sei, digo e repito todo o dia para mim mesma, "preciso viver um dia de cada vez", e bem vivido, com a bússola em riste para o N da rota-mente, valorizando as pessoas que fazem à sua maneira o planeta ser um pouco melhor.
hum, as imbecis? ah, sempre lembra de cumprimentá-las, mesmo que não estendas a mão. esquece o orgulho de cidadão-quem urbano e secretamente paranóico e transmite o bem. o teu bem que eu sei que existe dentro dessa caixa chamada peito.


as letras maiúsculas?
tsc, tsc. ah, isso é coisa pra se fingir que se sabe das coisas; que se sabe os saberes diplomáticos usando luvas de pelica abaixo de sol semita.


os acentos?
ora...
bom seria se fossem todos tremas; assim, os papéis escritos, as telas enletradas seriam emolduradas por uma espécie de petit-poá e não mais com esse constante background homogêneo.


feliz final de ciclos para nós.


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22 de dezembro de 2004, 3:57 da manhã.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

miedo

relação complicada essa minha com as letras.

o branco do papel me cega, histórias percorrem minha mente, fazem uma bagunça federal nos poucos neurônios que se salvaram das regras de português... volto pra arrumar um acento. me perco. puta que pariu.

não consigo acreditar que as palavras de um escritor, de um simples escrevinhador, que seja, que seje, o que importa?... não me é concebível a idéia de serem apenas idéias e não parte do seu eu, tão eu, tão endo, tão inter que nem o seu inconsciente foi avisado que o caminhante noturno que toma mamadeira escondido do mundo é tão parte dele que, que, nem sei...

medo de me encontrar comigo?
coisa pouca.
qualquer dia desses me pecho com essasinha e a convido para um chocolate...

(maitê páez)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Gramótica 2 1/2

- Mas muié nem sabe o que eu vi ontonti!
- Um largato em riba duma partilera, comendo pão com xalxixa, tomando iorgute num copinho de prástico!
- Mais é muito ladino esse largato!
- É vizinha, causo aconticido!
- Nóis vévi e as vista num avista tudo!

Humano

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Inêssssssssssss

... um dia ela me perseguiu, só porque eu era Inês.
A Inesquecível Inêssssssssssssss - a ex.
então deixei um recado bem dado, suscinto, sob os vapores de absinto.



" na real, eu sei qualé que é do babado; essas estórias de amor de pica é de cravar mesmo...
ele te cravou e tu gamou certeiro na coisa dele. só pode. e agora, doida em delírio, busca em mim uma continuidade daquele falo pueril que, cá entre nós, era mesmo um bom brincalhão.

mas acontece que eu não tenho por aqui nada de brincalhão. só de brincalhona.
mas já que insiste e quer um lero, te deixo um bem recado sincero:

não só de utopia e arrebatadores deslizes carnais empanturra-se uma alma de mulher. há de possuirmos mais - muito mais! há de termos reinos e tapetes vermelhos.

sim, sim - trepadas dramáticas são o canal, mas apenas enquanto duram as azaléias primaveris.

e depois de tantos piu, piu, piu, piu, pius ....
assim também foi comigo -, voôu passarinho!
era a chegada do outro equinócio. tu. "


quinta-feira, 6 de setembro de 2007

7 de Setembro

7 de setembro, de fato é bem festivo.
Eu cá com meus botões, vendo tanta festa
Olho pro passado e fico muito pensativo.
Há tanques pelas ruas, velhos generais
Todos achando bonito a marcha marcial
Medalhas fajutas expostas à cumplicidade de todos os jornais
Um viva ao general! Ei!!
Um viva ao coronel! Oh!!
Lêem de improviso, discursos no papel
Bocas a mastigar frases decoradas
Abacates sangue-suga deitando falação
Honras de Estado que não me dizem nada
Não esqueço da nossa história
Seu rastro sujo manchado com sangue de inocêntes
A ânsia de Poder inglória.
Mas entre a multidão resmunga um operário:
- que gringo de uma figa, assassino salafrário.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

wings of the night




through the darkness

you can sail

in the morning you disapear ...


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Romantiquinha

Dançando na brisa dos segundos que não passam
Pergunto-me se há razão alguma de afligir-me
Ou, se não há, que então o queira
Ou, se não queira, se isso é bom...
Penso se há duplo sentido no teu não
Ou se é em vão
Que murcha entre meus dedos
A roxa flor da espera.

E num vacilo entre o culto e a fuga,
Fazendo de um talvez a morada segura
Da minha alma cansada, assombrada
Eis que me encontro aqui:
Escrava da dúvida,
Com pernas e braços atados
A um desejo que diz SIM.

Domingo 02-09-2007

Gostaria de ter escrito um diário quando criança – em segredo obviamente -, porque só as meninas escreviam tais. O diário é um amigo que sempre ouve nossos segredos, e o melhor, não conta a ninguém. Depois de adultos, quando sentimos falta de falar com nossa própria consciência, confessar pra si mesmo inquietações, vamos ao Psicólogo.
(nota mental: já que não gosto de Psicólogos tenho meu próprio diário secreto)

Sempre amei os domingos. Sempre foi uma relação quase mágica. Quando pequeno acordava cedinho e ficava sentado na porta de casa absorvendo a luz da manhã sentindo aquele misto de calor e friozinho... “easy like a Sunday morning...”. Depois de adentrar ao mundo adulto e me tornar plenamente capaz, as noites de sábado passaram a ser muito bem aproveitadas e nem sempre acordo digamos muito cedo. E há uma inversão que se fez. Passei a não gostar de domingos à noite. Domingo à noite é o “fim-de-feira”. Tudo que podia ser aproveitado já foi. As distrações, emoções, compulsões... Cabosse... Amanhã é segunda-feira...Um buraco negro interno pede passagem, vontade de sair correndo... Então corro e divido minha inquietação fingindo que vós não estão lendo. Rebobino a fita K-7 do (sim, sim... sou da antiga) tempo e penso... penso na vida.
(nota mental: voltar a fita com caneta Bic dá uma trabalho...)

Bem, quem diz que é bom ser sozinho sempre diz uma meia verdade. E que, pra maioria, a vida de casados abençoados por Deus, é uma vida pela metade. A verdade é que nunca quis ser “marido”. Sempre tive a sensação disso e não sabia por quê. Claro! Quero ser Amante! Amante da vida, das amizades, das paixões tsunâmicas que violentamente em irrupções vulcânicas arrasam a cidade.
(nota mental: ainda acho que a Florbela Espanca é minha alma gêmea)

Marido dá bitoca de boa-noite. Amante dá mordida de bom-dia.
Marido ronca. Amante não dorme.
Marido pega na mão. Amante pega no colo.
Marido reclama do trânsito. Amante desliza sobre o câmbio a mão delirante.
Marido faz “papai-e-mamãe”. Amante atira na parede e...
(nota mental: atirar na parede “e...” é o oro do bizorro)

Calma Apostólicos Pentecostólicos da Igreja do Círculo Redondo do Losango
Quadrado. Não irei incitar a pueril juventude a exorcizar o santíssimo sacramento da união divina entre dois seres abençoada pelo legítimo representante divino na Terra incumbida de tal sagrada função espirituiliooosa... Apenas descobri que não quero a “metade de laranja” nenhuma. Quero sim, um morango inteiro, ou ao menos, uma bela maçã mordida! Não quero cara aliança estática no dedo. Quero mãos tensas, toques trêmulos... Não quero uma cerimônia com testemunhas. Quero uma festa com cúmplices de todas nossas histórias, inconfessáveis loucuras... Não quero certeza. Quero medo. Teus olhos, teu corpo, teu desejo... Que atrás do teu rosto, teu batom, se guardem todas nossas desmesuras, nossos segredos. Não quero barriga cheia, mesas fartas. Quero o ventre livre e leve. Aquele friozinho de barriga produzido pelo vôo hipotético de pequeninas borboletas árticas. Não quero reclamações por impontualidade. Quero sim, me arrumar pra ti, exagerar no perfume, euforia, olhos cravados no relógio de ansiedade. Aquele sem jeito dos primeiros encontros, respiração ofegante, coração tropeçante, a alegria incontida na beleza de estar vivo... Amante...
(nota mental: não sei como ainda hoje perco o jeito, fico bobo, esqueço o planejado, disfarço, olho pro lado, não sei o que falar direito...)

entre pragas e boletas


vizinhos, esses todos, essas pragas aí que Neocid não vence nem com touca térmica torrando no coro. vizinhos, bem zinhos mesquinhos, aglutinados em ninhos de todas as estirpes, dos menos metidos, aos mais metidos a macho alfa ou alce, em ascendente escala dantesca.
metidos.
metidos à ventania que passa, metidos à hitler de saias, metidos à gerente de banco, enfiadores de salto no piso, achando, em seus gerundismos esfarrapados, ganhar notoriedade à custa do eco;
metidos à Hebe Camargo de Soleil, sem réstia de espelho em casa, em plena luz de meio dia, rebocados na cara de tudo que é cor, julgando, em suas vãs pretensões, abalar coreto abaixo de sol a pino.
ora vamos!


e, no final, um ódio, mas...


trato de cortar o ditongo, dou logo uma ré, e...


só fica um dó.

é, afinal, as caras boletas têm que fazer algum efeito, nem que seja na base da gramática.
(cu-ru-zes!)

sábado, 1 de setembro de 2007

coisas da vida

eu quero morrê

eu quero nascê

eu quero crescê

eu quero aprendê

eu quero gemê

eu quero tremê

eu quero fudê

eu quero vivê

e depois corrê de você.





canção pessimista



aumenta o som no ouvido
ninguém nunca assegurou
que havia um sentido
e se você descobriu tarde demais
ora,
cada um tem seus problemas
seja como o resto dos mortais
todos estão deixando que se fechem
os últimos portais

não segure mais a porta
apenas faça a cama para a consciência
caia
morta

Ane