sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Perder palavras - III

Tu passa dias e dias, toma grande parte da existência para dar vida às palavras, deixa de estar com pessoas, deixa de sair, de pegar um sol na pele; enfim, tudo para se dedicar a um grande propósito. E então, de repente, vupt! as escrituras se perdem.
Saibam, que essa tragédia é mais comum do que se pensa, e não acontece só com quem não faz back up no computador para se salvaguardar dessa obscura probabilidade.


O célebre dramaturgo Jean-Baptiste Molière (1622-1673), além de autor e ator de peças de teatro, era também um expert em cultura clássica, e passou alguns anos dedicando-se a uma tradução do livro Da Natureza das Coisas, do poeta latino Lucrécio. Molière era também um homem vaidoso, e não dispensava a peruca cacheada tão em moda na sua época. Um dia, porém, descobriu que seu criado vinha usando as páginas da sua tradução para fazer os rolos de papel necessários para manter a peruca em ordem. Enfurecido, queimou o resto das páginas e abandonou a tradução.


Bah, já pensou se é contigo?

Um comentário:

Leonardo disse...

Ainda bem que pelo visto ele já tinha escrito sua obra-prima "Tartufo".
;)