quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

N
têm pessoas que me inspiram pra escrever
têm pessoas que me inspiram pra coser
há as que gosto dar de comer
e outras simplesmente dão-me o sopro de viver
mas não pense o leitor apenas
que na declinação segunda eu ei de me abster...

no meu ministério do ar
há as que me inspiram para fotografar...


beber faz mal à saúde e pode levar ao ataúde.
portanto, a fotografia é a meramente decorativa.
::
zim, dzegorativa.
azumo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

My favorite movies ( part one )


William Shakespeare em...
O Poderoso Chefão

Machado de Assis em...
O Mágico de Oz

Caio Fernando Abreu em...
O Jardineiro Fiel

Victor Hugo, Simone de Beauvoir, Gustave Flaubert e Alexandre Dumas em...
Paris, te amo

Paulo Leminski em...
O Último Samurai

Fernando Pessoa em...
As Sete Caras do Dr.Lao

Érico Veríssimo em...
Meu Primeiro Amor

E em breve, nas melhores casas de cinema...

Ane Minuzzo e Mariana Nisemblat em...
Quero ser Grande




domingo, 3 de fevereiro de 2008

Paris, te amo

Como se pode amar alguém ou alguma coisa ou algum lugar que nunca conhecemos? Que nunca conhecemos face to face, eu digo. Pois eu sou apaixonada por pessoas coisas lugares que nunca tive contato físico. Por épocas que não conheci. Pela viagem de trem pelo interior do Rio Grande que a minha mãe fazia com a mãe e com as irmãs. Pelas viagens de caminhão que meu pai fazia muito antes de eu nascer. Pelo primeiro cacho de uva que o meu nonno, que eu não conheci, colheu de sua primeira parreira. Por aquela praia da Bahia em que a minha mãe e a minha tia estavam naquela foto da década de 50.
Mas existe um lugar no mundo, um lugar que já faz parte do imaginário universal, eu creio, que me apaixona mais do que tudo e todos que conheci apenas na imaginação.
Esse lugar é Paris.
Clichê, eu sei. Mas fazer o quê?
E para reacender esse amor, que ia ficando um pouco amortecido pelas inevitáveis feiúras de nossas cidades ( que também tem suas bonitezas, mas às vezes tão escondidas), assisti "Paris, te amo".
Ah, e como...
Pensei, putz, outra comédia romântica? Não, não posso mais, dei um basta nelas, depois da última que eu vi, que não lembro, ainda bem, do título, mas sei que desperdiçava uma atriz como Julianne Moore. Mas saí tão saturada dessa noção deturpada, superficial, comercial do amor e afins de Hollywood que fiquei nauseada. Mas, espere, Ane, prestenção: Paris, te amo não foi feito em Hollywood. E é um filme feito por nada menos que 20 diretores de vários cantos do planeta.
O resultado poderia ser uma salada indigesta, mas não é isso que acontece. É um desfile de pontos de vista muito pessoais, muito diferentes um do outro e todos, todos eles, muito interessantes. Bem escritos, bem feitos: parece um oásis. Cada história acontece em um bairro de Paris, e a cidade, sob a lente desses cineastas, é - lá vem clichê - um poema vivo, iluminada, linda, como um ninho, como um berço, como um mergulho na beleza.
E o amor é visto de ângulos inusitados - há o amor homem-mulher jovens, maduros e idosos. Há o amor de mãe e filho,em uma triste e bela fábula com Juliette Binoche, e talvez no mais político, ou social, dos episódios, de Walter Salles e Daniela Thomas. Há o amor entre dois caras. Há o amor entre um humano e uma vampira, no melhor estilo Sin City. Há o amor inter-racial. Há o amor que quase se realiza. Há o amor pela cidade em si, no pungente, dolorido, fundamente melancólico episódio final com uma incrível e desconhecida atriz americana. O que mais me fisgou foi o episódio com Natalie Portman que conhece um estudante cego - é uma história perfeitamente encadeada dentro de seus 5 ou 6 minutos, é inocente, belo, delicado e muito bem escrito. Talvez, ao assitir esse episódio específico, vocês façam como eu, que adoro um repeteco: repitam algumas vezes, pois há muitos detalhes a se descobrir em cada vez.
Sei que estou me derramando em elogios. Mas é que estou apaixonada, movida por esse sentimento mais velho que o mundo. Então, fico assim, meio irracional, rendida a minha passionalidade que nunca foi pouca mesmo.
Paris: Marlon Brando dançando lá o último tango, Simone e Jean-Paul, Victor Hugo e sua criatura de Notre-Dame, o can-can tantas vezes retratado por Lautrec no Moulin Rouge, os impressionistas escandalizando a academia,Van Gogh perdendo-se em Monmartre, Jim Morrison dorme lá seu sono final. Paris dos cafés na calçada, Paris imaginária, Paris que ainda existe.
Paris: te amo.


virtual virtuose (com base em rima fácil)

estabelecer por essas linhas flutuantes virtuais uma tentativa de conexão
lembrando alguma quase esquecida noção sobre recepção
SOS sem identificação, abuso desenfreado de sinais
eu, tu e eles, Os Outros, quem sabe assim, existamos mais

são para alguns pares de olhos que o hermético se torna legível
versos salvos de um abandono com data de validade, perecível
devagar, letras formam palavras, símbolos irremediáveis já estabelecidos
para os teus olhos, quem sabe, meus signos formem sentidos

e esta tela, por um instante, se torna um espelho de Alice
portal ambíguo pelo qual sempre se esperou que existisse
e esse instante, subjugado pela vontade, assume feição de eternidade
o mundo palpável se verga e esquece daquele prazo de validade

ah, se Alice me visse agora
transformar em eterna essa minha curta hora
se Alice pudesse ser eu, e eu Alice
duplaríamos em um roteiro, escrevendo sobre tudo que nunca se disse

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

liames de lia


Para a minha mãe, que de Lia teve muito.
né CecíLIA?



Lia muito lia
as órbitas imóveis
abaixo de chuva
abaixo de neve
Lia!
abaixo de febre?
em passo de lebre!
nas filas mais breves
ali
em pleno vendaval



quem diria...
o sem-pestanejo
dos olhos intactos
no tempo a passar...
mas Lia que agonia!
daqui a pouco é carnaval!



os olhos ali, presos
os ponteiros lá longe
soltos
quando via já era natal
mas tudo valia
sua leitura era atemporal



Lia, por que te prendes a esses liames?



deixa-me
os liames não me são arames
aliás
são eles meu mundo real