quarta-feira, 12 de setembro de 2007

eu sou anual, eu sou cocoon



um semestre puxado. são com essas palavras que eu poderia resumir os últimos cinco meses da minha vida. agora posso fazer os balanços acerca desse fugaz e bem aproveitado ano de 2004, vivido em todos os matizes de sua magia como se na máquina do tempo eu entrasse, parando vez outra em lotéricas, anotando os números vindouros, e vivendo de alguma forma, o sumo resgatado dos vinte e poucos pintados a dedo com aquarela infantil em vidro de escola.

meti os pés pelas mãos. me permiti ir à breca com jeito de moleca sem me importar em rebater sempre a peteca. fiz bobagens deliciosas e outras indizíveis até pro psiquiatra. ri muito, de rasgar o rosto ao meio e separar as duas metades pra cada lado. estudei língüística às turras e descobri os incontáveis universos existentes no cerne dos nossos tantos Brasis. ah, se valeu. ganhei pouco, gastei o que tinha sem badalação e ainda fazendo reservas às escondidas de mim mesma e...

votei, báh, votei no fogaaaaaça! ora vejam os rumos de uma petista filiada.



me desapeguei das coisas materiais. surpreendi algumas pessoas com coisas ruins, mas de todo verdadeiras. fui, de igual modo, surprendida por outras, de maneira singela e tocante, - um cartão em papel reciclado com letras lindas evocando felicidade e muita loucura até a cova; ah, e outro, tão bonito tanto quanto este - um envelope repleto de dizeres de amor e sonhos, convites eufemísticos de... coleguismo, brincadeiras, contendo canetas coloridas para usar em cada dia da semana.


esqueci de dizer alguns alôs a pessoas importantes da minha trajetória. não que eu as tenha esquecido. apenas acredito que não precisamos provar o tempo inteiro que estamos aí, no output real do cenário, estampando manchete semanal, mensal, pernoital, seja lá de cara bonita ou como o diabo for. eu vivo no input imagético e é isso que vale: a minha consciência de ser anual. na verdade, eu queria ser um cocoon brilhoso em água de piscina morna. esse é meu sonho momentâneo - ser cocoon. um cocoon anual.


briguei escorpioninamente com um ser em particular, atingindo em cheio seu coração com palavras bem combinadas em um misto de vingança e justiça módica ao meu ver no mercy, para me aliviar dos malditos pesos mortos nos bolsos da alma.
se me arrependo? ai, pensando bem, sim e ao mesmo tempo não. era um veneno forte, com muitos quês de mágoas amargas e tinha de sair das entranhas pra fazer vibrar a tensão superficial do açude de uma narcisa lá, equivocada por excesso de luz - camera - ação, mamãezinha!
(sorry, bündchen, mas eu cago e ando pra languidez do teu jeito artista conjunto-vazio).


anyway, fiz misérias, descobri cafofos, bueiros, sorrisos impagáveis de menino bonito que o mastercard não arrebata nem com lance final de bill gates. fiz um projeto que me fez crescer em muitos planos. gabaritei a última prova tola e a catarse se deu na quarta às 22 horas e 23 minutos em 1% de sociolingúística e 99% de pura inspiração, com a variabilidade lingüística de nosso vasto território, que fluiu tal qual os profusos rios, em sulcos quilométricos para a ponta da esfera da minha caneta.


já estou com saudades de estudar. já estou com saudades de algo que nem sei direito o que é. pode ser tanta coisa. mas ah, a saudade, esse sentimento gostoso dos que tem alma e às vezes sabem amar. saudade essa do lugar-comum do "só existe na língua portuguesa" (ah, não güento); mas independente disso, ela sempre me deu um amarguinho no início da faringe e fez encadear sucessões de sentimentos leves como o flutuar dos polímeros de parfum de paris.


o ciclo começa a fechar. uma outra mariana começa a nascer. e eu juro que sei, pra parir tem que ser é macho. vai doer. mas cada ano é diferente. cada dia é diferente. cada piscada é uma nova pálpebra a quedar. e sinto que tenho de ser forte e tentar não obedecer os ditames insanos do coração rebelde. nada volta atrás. e por isso eu sei, digo e repito todo o dia para mim mesma, "preciso viver um dia de cada vez", e bem vivido, com a bússola em riste para o N da rota-mente, valorizando as pessoas que fazem à sua maneira o planeta ser um pouco melhor.
hum, as imbecis? ah, sempre lembra de cumprimentá-las, mesmo que não estendas a mão. esquece o orgulho de cidadão-quem urbano e secretamente paranóico e transmite o bem. o teu bem que eu sei que existe dentro dessa caixa chamada peito.


as letras maiúsculas?
tsc, tsc. ah, isso é coisa pra se fingir que se sabe das coisas; que se sabe os saberes diplomáticos usando luvas de pelica abaixo de sol semita.


os acentos?
ora...
bom seria se fossem todos tremas; assim, os papéis escritos, as telas enletradas seriam emolduradas por uma espécie de petit-poá e não mais com esse constante background homogêneo.


feliz final de ciclos para nós.


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22 de dezembro de 2004, 3:57 da manhã.

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