terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Bizunga inventa o mundo



Os leitores provavelmente pensarão que esse texto não é de minha autoria, pois como um gato escreveria dessa maneira?

Acontece que me humanizei em proporções alarmantes com a Mariana, e nessa convivência de onze anos, eu aprendi muitas coisas com a minha dona. Uma delas é quando tudo em derredor está conspirando contra a maré do nosso barquinho, a gente pode inventar algumas brincadeiras para afastar as borrascas. Há a brincadeira de Lili inventa o mundo, baseada na escritura de Mário Quintana, e da cabra-cega, vinda do folclore de cada criança. As duas são mais ou menos parecidas e funciona assim: a gente fecha os olhos e imagina que tudo aquilo que está incomodando, nos causando sensação ruim e assombrando a vida, nada mais é do que uma nuvem passageira. E a gente cria, então, um mundo faz-de-conta, como se colocássemos todos os pensamentos bons pra fora da cabeça, projetando-os o tempo todo no cenário do dia-a-dia.



Imagina-se o corpo boiando em um mar de rosas cálidas, com aromas suaves espargindo seus polímeros, ali, sobre nós, na rendição do bem bom da ágüinha fresca. (claro que não gosto de água, mas na imaginação tudo vale!)
Não pode perder a concentração! o Real não admite que o Sonho seja mais real do que a realeza da sua verdade. E nessas horas, por mais que uma certa circunstância obscura possa insistir em passar a sua película Do que Existe de Fato, a gente faz um esforço maior ainda, como se fosse ganhar um filhote, não deixando essa projeção seguir curso, e transforma essa força de parto numa crença forte que os sortilégios de todas as venturas estão, sim, no plano principal, bem, bem mais à frente do real.



E assim se vai vivendo, vitoriosa, olhando pras coisas boas que estão ali, pouco a pouco sendo projetadas no painel que se escolheu do jeito da gente. E nessas horas esquecer de pensar no tempo a passar é florescer...


Continua-se brincando com a imaginação... tendo filhotes e filhotes de coisas boas.


O vento e as brisas continuam a soprar... quantas crianças nascem! quantos trens partem!


quantas melenas voam! quantos pássaros cantam!


e quando se vê não é que o mar de rosas vem de verdade?


cada um, que entrou na brincadeira, continua sempre a ondular, sendo banhado à sua maneira no seu mar de rosas, margaridas, amor, roma, raul ou luar...



basta só acreditar!

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