terça-feira, 30 de outubro de 2007

O ódio

Extrato de uma das coisas fodonas que tenho escrito ultimamente, por conta de um espetáculo que estreará em dezembro. Deixo aqui, em primeira ( primitiva mão) para que tu penses, como eu: a quantas anda o teu ódio de cada dia?
PS: escrever coisas fodonas é garantia de liquidificar a psique.


Eu venho de dentro, desse mato cerrado
que mora no fundo do teu coração acelerado
Eu saio pra fora, transbordo, feito sangue jorrado
minha lei não conhece o certo ou errado

feito touro enxergo vermelho quando acuado
devagar sinto meu punho sendo cerrado
uma palavra torta, um olhar enviesado
o sangue sobe aos meus olhos, estou preparado

empunho toda a variedade de armas na tua mão
transformo no pior inimigo aquele que é teu irmão
teu olho, perdido, não enxerga mais com a razão
tua vítima agoniza, rosna e gane, feito o mais abjeto cão

deixe que eu te tome por inteiro
faça com que o tiro atinja certeiro
eu planto corpos mortos pelo mundo, faço dele um canteiro
e faço de você, seu mais mortífero jardineiro

eu moro no escuro do teu quarto mais fechado
que existe no fundo do teu coração acelerado
provoco sem pudor todo e qualquer pecado
minha lei não conhece o certo ou errado

2 comentários:

Enio Sam disse...

O ódio é o maior criador de bravatas do planeta. E bravatas, aprendi, são armadilhas.Ou seja, uma vez que tu jogue no ar, outro sentimento besta aparece:o orgulho. Aí ninguém sabe o que fazer com o trio bravata-orgulho-ódio.
anyway, humanos somos. E vira-mexe bate mesmo uma raivinha.
So-so, teu lance dava uma canção interessante.

Bacci.

=^D

Anônimo disse...

quando eu li esse teu poema na aula, acho que te falei que achei muito bom!
Digamos que ele é o "horizonte de expectativa" que bate e fecha todas, sabe? parece que entendo cada fragmento, inclusive, cada espacinho de letras do poema; como se o fosse para mim.

amei. amei. esse foi o lado A do lado negro B do que aconteceu contigo.





*horizonte de expectativa: quando o eu-lírico ou o autor escreve algo que vai ao encontro do leitor, fazendo-o se identificar com o texto.


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