domingo, 28 de outubro de 2007

Isaura exaura


estou em cama de gato,
um pulo no ato
outra pata no rato
bem-bem esticada
mas que silada!

patas fofas de felina
entrecruzam cá e lá,
lá e cá bem rapidinho
e a cabeça pensando
lendo a charada da esfinge
e ora! disse ele:
"eu é quem devora!"

desculpa a sinceridade
sou menina fraca de trova
endurecida d´ verbos d´outrora
mas aceito o desafio
mesmo que tenha medo
de balançar-me por um fio

não! não! não!
não quero meu oco no chão!


mas hoje eu o sou o próprio
e não rebato a tua canção
com coisas de lá gelar o coração
ah, meu cúmplice da escrita
Governador Geral da emoção

hoje sou Isaura, prazer.
a escrava do canudo.
e nada mais além de tudo
a alma é buliçosa por viver


e não raro
eu me deparo
assim no más
não tendo faro
alegria?
não ria!
ao menos
tenho o dom
de arrancar-te a alforria


isso acontece quando eu sou trabalhadêra
e limpo os espelhos com cera.
mas hoje a minha senhora chamou o limpol
e fisgou os meus torpores com anzol.

puxa vida, sinhô, que besteirol!


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