sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Inaugure yourself

Inauguram-se em minha dileta cidade dois novos templos.
Carrefour e Igreja Universal.
Construções sofisticadas, erigidas no centro do burgo.
"Os dois de consumo" penso, passando em frente, sob o sol que doura mesmo sem a literatura, especialmente sem a literatura.
Depois de uns dias fora da urbs ensandecida, curando a ferida, tudo parece tão surreal. Tipo: como assim?
As pessoas compram edredons em irresistível oferta e depois, ou outro dia, garantem um espaço no paraíso? Garantem que as naves espaciais dos seus pastores tenham sempre gás para levá-los ao serviço...da fé?
As pessoas se paramentam como se fosse aquele domingo do século passado e vão à inauguração do hipermercado. Seu olhar é faminto, e eu, curiosa ( vício eterno ) me misturo a elas. Mas a minha fome, que tanto já morou no meu olhar, se desloca para o estômago. Chego à casa materna e como duas bananas.
Puxa, há quanto tempo eu não comia uma fruta tão saborosa.
Tenho mordido outras, algumas frutas do pecado, mas sinto - o encontro não vai se dar dentro de templos não. O que eu preciso, urgente, deseperada e completamente é: minha própria história. Eu mesma. A minha verdade, e não aquela que querem que eu acredite que é a minha.
E é tão bom ficar na minha.Me aconchego em mim mesma.
É disso que tenho fome.
E das frutas maternas.

Um comentário:

Enio Sam disse...

A vida é uma salada, babe. Sacumé?

A minha pelo menos. É sim. Meditando, acredito até que seja de frutas. Dentro do impossível coloco uma bola de sorvete.

Qto ao templo, sei lá. Acho que nem há. Tá no cerebelo, no boteco. Tende?


Nice, miss minuzzo.

=^D