quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Mais uma vez o final do ano se aproxima. Afora os distúrbios da panacéia consumista que invadem nossa vida de pequenos burgueses capitalistas, algo fica queimando internamente.

Lembro que quando criança não eram somente os presentes que me seduziam. Eram apenas coadjuvantes de algo muito mais belo. Os presentes apenas refletiam a alegria, a esperança, os abraços sinceros, as visitas fraternas... Tudo era visto através daquela pequena árvore de Natal.

Nem tudo é consumismo nessa época. Por esses dias, a caridade despretensiosa, as aspirações mais belas, os gestos mais nobres, a fé mais fidedigna ecoa pelos quatro cantos. Façamos desse momento, antes de tudo, um momento de reflexão. Reafirmando as convicções, celebrando o que foi conquistado e planejando o que ficou por ser feito.

Festejemos a certeza de que o homem não é um caso perdido no fim das contas.

Existem, é verdade, os que massacram povos indefesos. Os que em nome da liberdade espalham o terror e a servidão pelo mundo e, talvez pior ainda, os que cumprimentam estes sorridentes e com honras de Estado.

Existem... Existem e muitos!

Assassinos robotizados. Mas há ainda...

O falar sincero, o olhar gentil, o amar direto...

Há ainda... Os que dão a vida, não por si mas, por amor aos seus.

E, enquanto houverem homens e mulheres assim, a vida será sempre uma aventura que vale a pena viver.

2 comentários:

Leonardo disse...

Desculpe mas não tenho mais tanto otimismo assim em relação à víbora humana. Qualquer defesa de um porvir aprazível comparada à crueza dos fatos se torna imediatamente um consolo para a consciência.
De modo geral, ética, respeito, consciência, decência, só existem onde ganhar dinheiro fica na dependência de se mantê-las na aparência.
No nível das relações de pessoa pra pessoa isso se mantém cambaleando, ferido de morte pela hipocrisia leprosa de uma sociedade que te deseja um feliz natal na sua ilha de conforto protegida por cerca elétrica e cercada de miséria e pavor por todos os lados.
Em ambientes neutros (como esse) toda a aparência forçada de papos-furados como "cidadania" e "ética cidadã" vão pro espaço. o que impede que um excremento em forma humana vá no teu scrap vomitar um monte de asneiras preconceituosas? Nada. Quem te garante que teu IP não está sendo rastreado por profissionais do sequestro nesse exato momento, que vão te fazer se arrepender amargamente de ter postado aquelas fotos q tu tirou no Shopping moinhos de vento? Que garantia tem um pai de família que os recados q seu filho troca o dia todo e que ele não entende bulhufas são na verdade negociações que envolvem ecstasy, crack e cocaína?
Essa é a sombra perversa q encobre tudo. Mas não adianta, quanto mais evidente fica o apodrecimento do sujeito moderno mais fanática se torna sua defesa onde os cãezinhos amestrados do Deus-consumo começam seu tagarelar tedioso sobre os defuntos valores cristãos-ocidentais. E se caso a realidade desminta esses patifes esfregando os fatos em suas caras-de-pau não demora que chovam lágrimas de crocodilo logo enxugadas pela criação de uma nova farsa que vai se juntar a massa de lendas com a qual idiotizam a multidão de zumbis famintos por mais produtos de marca.
Isso já é mais que trágico, mais que ridículo, é simplesmente nojento.
Diante desse desastre dizer "Feliz natal" se torna um desplante ou no mínimo uma pérola de humor negro.

Eduardo Marques disse...

Feliz Natal!