sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Perder palavras - III
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
O Segredo
O seu mísero desejo de consciência:
Ciência, racionalidade, conveniência...
A contingência da verdade!
Tudo do nada? E o nada de onde?
Evidente problema!
Pois que peguem seus tubos de ensaio joguem palavras ao vento
E que se forme um poema!!
Onde há mais verdade?
No trabalho da lavadeira, no genuflexório da rezadeira ou na lida do operário?
Talvez essa seja a verdadeira essência:
nenhum desejo de consciência!
Apenas a morte caindo implacável e serena do azul
Como a fluorescência dos astros
em noites estreladas...
Ah, aquela bela frase:
“Há mais verdades entre o céu e a terra do que julgam todas as filosofias...”
Ah, nossos tempos modernos inverteram a lógica em pura anacronia!
“Há mais mentiras que verdades...”
Que continuem buscando a verdade em suas parcas teorias.
Nas religiões, Filosofias do mundo, nas ruas da cidade...
Jamais, nenhuma delas,
terão tanta verdade, nem tão pouco a seriedade,
das crianças quando brincam...
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Tons
sábado, 24 de novembro de 2007
Mentiras sinceras
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
perder palavras - II
Ane, eu to ficando loca, mas eu não me esqueci de ti, tá? olha eu não me esqueci, agora só te peço, só não esquece de mim, e traz um gardenal na próxima aula, vamos tomar boletas para enfim sonhar viver de olhos abertos e bem calmas a liberdade que tanto sonhamos e que tanto riscamos diminuindo os dias naqueles pauzinhos desenhados de presidiárias que foram e vieram de arrasto dentro da modorra pardacenta.
é sério, preciso te dizer, preciso te dizer isso há dias, às vezes eu acho que há uma grande conspiração contra mim; eu tenho certeza de que eu faço as coisas, tenho a nítida lembrança de ter escrito algumas várias e certas bobagens incertas sobre a punhetinha solicitada pela mestra-mór e, no entanto, vou procurar o arquivo, seja no pen-drive, no pc, ou na minha memória estéril de quem já está nas últimas, e nada. vasculho várias vezes, aperto o botão da merda ampulheta do sherlock que windows resolveu tomar conta (e que de sherlock não tem é nada) e nada. nada aparece. mas eu me lembro, eu me lembro das frases, o jeito que eu tinha escrito determinada mentira ou verdade, já não importa, o fato é que eu me lembro delas em meio a esses tantos arquivos que, para o meu desespero ainda maior, só abrem em branco, e as frases então voltam na minha memória, bem do jeito, bem do jeito que eu tinha escrito sabe.
guria, descrever tal sensação de perda me dá duas, três, quatro vezes uma revolta do estômago que me sobe tudinho pra cabeça. dá vontade de sair vomitando nas pessoas, quaisquer pessoas, até nos velhinhos que dão farelos pras pombas na Redenção, vontade de gargalhar que nem Gato Félix, e depois chorar, chorar na cara de todo mundo, chorar muito, inundar a roupa dos outros, e então voltar a gargalhar tudo de novo, tapando a barriga com a mão pra tentar amenizar a dor dos músculos flácidos de tanto se encadeirar pra ter canudo, até que por fim, e enfim, tudo caia, eu, o mundo caia, tudo exausto no chão, nauseados de brincar de fantoche faz-de-conta da escolinha feliz.
faz-de-conta, faz-de-conta, é tudo um faz-de-conta, ô dona mestra diplomada, então faz isso, faz de conta que eu já morri, e me esquece, mas antes só mais um pedidinho: deixa eu vomitar meu vômito em paz de marionete dos olhos de vidro do açúcar queimado e me sentir mais leve sem ao menos ter um trabalhinho antes de ter o último treco? posso? posso entregar o trabalhinho lá, no oitavo círculo do inferno? é só mais uma semaninha, mestra. (os pecados já são tantos mesmos que tem elevador direto.) hãm? que tal?
sim, eu admito, eu sou mari, a marionete, que por acaso, ou quiçá, ironia do destino, chegou no final do game.
...
..
então, agora depois te ter reescrito tudo isso durante umas duas horas, eu te pergunto:
acaso venci?
hauahahahahahauahauab
hahahauahauahauahauuau
hauahauahaiuahauahaha
hauahuahauahauahauahua
hauahahahahahauahauab
hahahauahauahauahauuau
hauahauahaiuahauahaha
hauahuahauahauahauahua
hauahahahahahauahauab
hahahauahauahauahauuau
hauahauahaiuahauahaha
hauahuahauahauahauahua
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Ônibus
Olhos descuidados que se entrecruzam...
Instigante deleite ao pensamento
Olhar a paisagem como álibi dissimulante
Um desvio blasé em direção ao vento
Linguagem sutil: um olhar no relógio, janela trancada
uma ajeitada no assento
Ah que loucura! Upa lá lá!
Tens medo?
Me encanta o infame mistério
Tecendo delirantes terceiras intenções
Atrás de pequenas cílicas pulsões
Daquele olhar tão sério...
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Olha o alter-ego aí gente!
Alô povão agora é sério!!!
Apenas sublinham um senso que se pensa seguro
Contingências criadas pedra a pedra que cercam um pequeno castelo de sonhos com muro auto-preservação.
A menina de sardas no nariz
Deixou o local sem saciar nem um décimo sequer de sua curiosidade. Não trocou olhares com ela e nem sabia seu nome. Apenas guardou aquela imagem na lembrança, desejando vê-la outra vez, para que pudesse descobrir se a realidade se encontraria com sua imaginação de maneira harmônica. Deixou o tempo passar. Deixou que os meses trouxessem novidades para ocupar o espaço da perda de tempo que era pensar naquela menina de sardas no nariz. E os meses, de fato, trouxeram boas novas. Emoções diferentes que tiveram espaço suficiente para iniciar e terminar. Algumas desaparecendo, outras se transformando. A imagem da menina, porém, mesmo que ainda um pouco fraca, continuava lá, impressa em sua memória.
Eis que um bom tempo depois, ele a viu novamente. Lá estava ela, linda como antes, do outro lado da sala. Ela olhava em sua direção, mas não parecia estar olhando para ele - ou ele evitou acreditar que ela de fato estaria olhando para ele. Parecia estar olhando para o nada, com o pensamento longe. Ele olhou reto em sua direção e, tomado por uma força maior do que sua própria capacidade de discernimento, resolveu levantar e atravessar a sala para dizer 'oi'. Foi bem recebido, afinal era eloqüente e descontraído. Ao conversar com ela, olhou em seus olhos e notou que eram azuis, de uma tonalidade linda, e eram enormes - ele adorava meninas com olhos grandes -, talvez tão enormes quanto sua personalidade, que lhe parecia agradável.
Era estranho, porém, ter aquela expectativa toda a respeito de alguém que nem sabia que ele existia. Ele percebeu na hora o contraste absurdo entre o que estava acontecendo e o que ele gostaria que acontecesse. Sabia que para ela aquela conversa era nada além de uma tentativa de fazer amizade. Ciente disso, ele não quis parecer nenhum tipo de louco, que havia desenhado alguém em sua mente e projetava nela. Resolveu se livrar de suas projeções e tentar perceber o que de fato era real. E gostou do pouco que pôde conhecer da menina. Achou seus gostos interessantes e até um pouco compatíveis com os dele. Desejou ter conhecido mais do que teve a oportunidade de conhecer. Quis saber de camadas mais profundas da personalidade dela, mas infelizmente se ateve ao superficial, pois tentou deixar a expectativa de lado e agir como se age quando se conhece alguém novo. Considerou a hipótese de ela nem sequer ter interesse algum, não partilhar da mesma atração que ele sentia. Não podia, contudo, evitar de olhar para ela e imaginar que talvez ela fosse do jeito que ele gostaria que a menina de seus sonhos fosse. Isso soava exagerado, ele sabia, mas a sensação era a de uma ilusão gostosa.
Entretanto, não foi além disso, de algumas horas de conversa informal que o deixaram novamente com aqueles desejos - talvez um pouco diferentes, mas da mesma sorte - do dia em que a viu pela primeira vez. Agora era a vez do tempo entrar em cena e surpreendê-lo novamente. Decidiu imprimí-la mais uma vez em sua memória e esperar. Pretendia dar os 'empurrõezinhos' que pudesse para que as circunstâncias a colocassem novamente em seu caminho, mas lembrou que a expectativa doce era toda e somente sua. Foi viver emoções diferentes, novas, pra passar o tempo até que a menina de seus sonhos o hipnotizasse novamente - com aquele ou qualquer outro rosto, com ou sem sardas no nariz.
*Postei este texto originalmente no blog que mantenho com meus amigos Karina e Alexandre, mas acho que ele também merece ser lido em outros lugares, por outros leitores.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
perder palavras - I
Em 1919, T.E. Lawrence (1888-1935) já tinha completado oito dos dez volumes de seu Lawrence da Arábia. Numa viagem de trem entre Londres e Oxford, parou para tomar um café na estação de Reading. Lá deixou, esquecido debaixo de um banco, o saco que continha os manuscritos. Quando se deu conta e telefonou para a estação, alguém já tinha levado o saco. Os originais nunca apareceram, e Lawrence teve que recomeçar do zero. Os primeiros volumes só foram publicados em 1922.
não era pra ser agora, mas foi já
preto não sai do figurino
darkness under the sun.
mas nada impede que:
me bronzeie igual-igual.
lembrei daquele velho jingle
"sem medo de ser feliz"
(utopias perdidas)
e lembrei de outro, Paralamas
( no melhor disco, por isso só vendeu 50 mil)
"eu tenho cagaço de descer ladeira abaixo
eu tenho cagaço de pensar demais"
eu tenho cagaço de cair no cangaço
eu tenho cagaço de dar o primeiro passo
hoje, cristalinamente, I have (t)fears
hoje, mansamente, I have (f)tears
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Ultimatum
Agora eu também tenho poder!
Obrigado Mari, pelo convite. Juro que vou buscar palavras inspiradas para ilustrar a parcela de espaço que aqui me foi cedida.
Agora o que me resta é recostar na cadeira e colocar a cabeça para funcionar. Enquanto esse processo não traz frutos, me resta agradecer e deixar aqui meu sorriso.
coisas de Führer
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Reza a Vela
Não penso, logo desisto. Copio tudo direitinho pra transcrever o correto na balança final. Uns arbiotários enganam que ensinam e, os bisonhos seminaristas sacrários vomitam o mesmo terço, rezando igual ao das pontífices autoridades.
Tudo religiosamente normalizado, pequenas obscenidades da liturgia cotidiana destiladas em meta-exorcismos de tantas sacralizadas inutididáticas insanas.
Alguns anos de genuflexório põem, sem problemas, em evidência os novos doutores de canudo e pedabobas pseudo-heroínas do apertar parafusos do sistema. Mais alguns rezadores a entorpecer mentes voadoras na brasa xilocaína. Rezam as práticas pra seu glor(insosso)çobrável suor de cada dia azeitar e mover as poderosas máquinas da Nova (des)Ordem Mundial.
Misericórdia senhor! Ui, ui, tenho medo. Trago estacas, alho, crucifixo e rosário nos dedos. Digo Cruz em Credo saí exu da Quizumba! Atiro água benta, faço promessa, santinho na carteira, cachaça barata em beira de estrada derramando pipoca na macumba.
O que mais eu faço?! Sinceramente já não sei, não sei... Clamo obstinadamente ajuda dos Deuses e alguns poucos adjuntórios clarividentes enquanto entidades pegajosas me desbundam a resposta insofismável iguais aos mesmos ectoplasmas deprimentes (a)lunos:
“Sim Sr., fazer-vo-lo-ei...”
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
fátuos fatos
A literatura brasileira tem um peso considerável quando tento, em vão, eleger os meus escritores favoritos; entretanto, não posso deixar de confessar que tenho uma particular inclinação à literatura portuguesa. Gosto aos cântaros da maleabilidade do português de Portugal, por entender, que a linguagem daqueles mares e fados apresenta-se beeeeeem mais alongada do que a nossa. Isso não quer dizer que estejamos aquém do falar ou escrever lusitano. Não, não é isso. Acontece que as línguas são como seixos de um rio - quanto mais tempo transcorrido de seu uso no falar, mais alcance cognoscível de explicar um pensamento abstrato ter-se-á. Logo, é cabal, as pedras lingüísticas tomam formas assaz arredondadas quando a aguaceira passa por elas há mais tempo no tempo.
Gosto de todos os falares desse mundo,- das nações mais literárias do velho mundo às mais ágrafas da África. Porém, arrogo-me o direito de perceber que, quanto mais recente o estágio de formação de um idioma, mais abruptas lhe são as formas lingüísticas, o que, uma vez estando dentro do viés literário, estão próximas, pertinho, pertinho da oralidade. Ou seja, ler um livro assim, acaba causando a sensação de como estivéssemos ouvindo uma conversa.
Mas vejam bem, quero deixar bem claro: jamais querendo insinuar com isso que belas não o são essas letras, pois há interessantíssimas obras angolanas, Luuanda, de José Luandino, e moçambicana (essa é doidera pura), de Couto Mia, em O último vôo do Flamingo, que nas prateleiras estão para fazer jus às minhas palavras de agora. E, nossa! dá para aprender muita, mas muita coisa com esse estilo. Aliás, essas leituras são uma aula velada de encorajamento a perder o medo do fazer escrito "assim-ou-assado, professor?"
Ei-los à nossa espera, nas prateleiras de nosso trópico. Sim, ei-los, lolas e lolos ... ah, apenas para não ficar tolos.
sábado, 3 de novembro de 2007
tcc
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Uma vergonha do que ela pensa de mim.
Eu sei, a vida não pensa, a vida é.
Boba sou eu que não sei que quem pensa sou eu.
Do meu rosto rosado, escapuliu um sorriso estranho, fadigado.
A vida não me entende, pensei. Não me quer...
[a vida ou eu???]
Ô dó! Que pecado esconder o sorriso!
Não devo, não temo. Me repito, me desminto.
De repente, as coisas são assim, preto no branco, fáceis...
De repente, a cruz ficou leve, ou a via crucis terminou e não notei.
Ouquêi.
Ergui os olhos do chão, parei de fingir que não era comigo
E brindei em copo plástico as paixões de vidro,
Que me alimentam,
Me fermentam a vida.
Olhei para frente e vi o túnel
[a luz virá depois, calmaí...]
E decidi continuar sendo louca
Assustadora, exagerada, apaixonada...
E sem modos. Completamente sem modos.