Acreditava piamente na magia do circo. Amava a vida performática do artista circense, nos gloriosos momentos vividos pelos artistas do picadeiro. Sentia uma certa inveja deles, por não ter, entre todas as suas habilidades, a de poder se sentir eterno em alguns poucos minutos.
A premissa de uma vida.
Como num passe de mágica, todas as coisas que perturbavam sua consciência aparentemente sadia haviam sido retiradas.
Não exatamente de uma hora para outra – até mesmo porque teríamos aí um milagre e não um passe de mágica. Tudo aquilo que vivenciou não são coisas assim tão fáceis de se apagar. Operou uma revolução; retirou aquele cancro à força, anestesia peridural: viu tudo sair. Era tanta coisa que até se admirou. Viu até o que não devia.
Saiu correndo para a farmácia mais próxima para comprar gaze. Precisava estancar o sangue que teimava em não coagular.
Coagulava em não teimar.
Sabia o que fazer e parava de fazer por não saber por onde recomeçar. Sem um pedaço de si, correrias em torno de uma busca incessante pela perfeição. “Que mundo cru-el”, pensava.
O céu era a rutilante testemunha de sua figuração no trapézio imaginário, num vai-vem de idéias, pessoas e sentimentos assombrosos. Sentia-se ora gente, ora planta em meio à tantas outras gentes.
Reticente e redundante era o tudo à sua volta. Tudo tão bem construído e tão bem planejado. “Eram para ser perfeitas as coisas”.
Iludia-se.
Cruéis eram as pessoas, mal sabia.
Um comentário:
a fodalha renasceu finalmente!
já estava fazendo falta, essa garota sukita.
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