quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
Justificando Silêncios
Sou adepta das palavras simples, das frases menos rebuscadas.
Movida pelo eu-lírico, deixo escapar pedacinhos de mim a cada parágrafo, em cada vírgula.
É preciso calar, é preciso silenciar.
Entrar no ritmo da massa, observar o mundo melhor, como se estivesse revendo um velho filme.
Ou relendo um livro pelo qual tivemos que ser obrigados a ler.
Para enfim poder gozar de lucidez e criatividade.
Como num videogame, onde é preciso passar de fase pra barra de energia voltar a encher.
Assim, silencio-me. Para ver melhor o mundo, não para meditar, que meditação, silêncio e quietude estão longe ainda de andarem sempre de mãos dadas.
Silencio porque quero gritar, mas são palavras impossíveis de se desenhar.
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
Lisboa, 23 de Janeiro
Hoje voltou o frio, e que frio!Parece que estamos a ser atravessados por uma massa de ar polar;diz, quem sabe! O dia a dia, esse, anda mais que sobreaquecido, por causa de tudo, e, mais, ainda, pelo referendo ao aborto; melhor dizendo, pela interrupção voluntária da gravidez, e que vai ter lugar no dia 11 de Fevereiro; degladiam-se dois campos, o do sim, e o do não, cheios de antagonismo, e o argumentário percorre o absurdo; do lado do SIM, há quem diga que "o ovo nâo tem os mesmos direitos do frango";do lado do NÃO, há excomunhão para quem votar SIM, proferida por certos sectores da Igreja Católica; só visto!Todavia, a questão sujeita a referendo é, tão só, esta: - deve a mulher que abortou até às dez semanas ter a sua vida devassada, e ser incriminada, presa? A resposta é NÃO! Por isso, o SIM no referendo é o mais sensato; como disse Bill Clinton, vamos "torná-lo legal, raro e seguro"
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
o grande poeta
ele era o poeta!
os jornais publicavam
a grande impressa engraxava
a tevê era toda toda de sua vinheta
o teatro, meu deus, já graçava opereta
os mercados faziam pano de prato
e as mulheres, loucas,
gritavam o nome na hora do parto
ele era um grande poeta!
um poeta de uma cidade muito grande
e tão pequena
colocavam o seu nome em praças
o seu nome em agendas
o seu nome em outros nomes
até que um dia o nome próprio
virou um adjetivo.
e não havia paliativo
era só ele.
ele era um grande poeta?
por tudo estavam as odes
até em samba enredo e pagodes
mas no fundo ninguém sabia
o preço que o grande poeta pagava
no escuro abandonado do quarto
o que iluminava os seus olhos míopes
era um branco de celulose
a luz apoucada emergia de pilhas
pilhas de lanterna, pilhas de papel
e poucos se davam conta
ele estava no escuro
e pagou tudo em segredo.
pagou com a solitude no breu,
o dom de brincar com a prosa
mas é verdade primorosa
o preço de ser um poeta nunca doeu
pois poeta assim ele nasceu
e no quarto vazio de seu hotel
imaginava sempre rodar em carrosel
nunca foi triste
estavam ali as musas com ele
e iluminadas pelas folhas de papel
dançavam os cabelos de algas no mar do ar
em um Alegre Porto de partida,
e onde, não mais que de repente,
tudo tranformava-se sempre
em um inesquecível ponto de chegada.
vôa poeta!
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
Oh Rei de Copas
quero que digas apenas que me ama,
que sou eu verdadeiramente a Tua Dama
que te direis
quero que digas apenas que me ama,
que sou eu verdadeiramente a Tua Dama
que te direis
no embaralhado no jogo das cartas marcadas,
sequer mirei aquele Valete pueril,
nem ao menos combinamos.
sequer mirei aquele Valete pueril,
nem ao menos combinamos.
Meu trono, aguarda a ti, Rei.
Sejas tu meu Ás de Espadas.
Não me venhas com trincas.
Vamos pegar os mortos e jogar como nunca jogamos.
Sejas tu meu Ás de Espadas.
Não me venhas com trincas.
Vamos pegar os mortos e jogar como nunca jogamos.
Dois generais-canastras. Escolhendo nos dados por onde começar.
Vamos nos amar, e de tanto nos amar, acabaremos descartados.
O lixo, será a nossa redenção e nosso único fim.
Meu Rei de Copas,
Meu Rei de Copas,
até a próxima mão.
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
No Trilho
Ainda me lembro dos solitários tempos de estudo, quando costumavam faltar uns 15, 20 dias para os exames: ferrava-me em casa, e, práticamente, só saía para comprar comida, ou, então, para ir à casa da minha Mãe, almoçar e jantar; o remanescente, era para estudar, e dormir 4 a cinco horas; o resto do grupo fazia o mesmo; assim, se passavam 15 , 20 dias, em que ninguém se via; mas, todas as noites, invariávelmente, por volta das 3, 4, horas, começavam a pingar nos portáteis, de quem, como dizíamos, estava no trilho, mensagens que reparavam a saudade, que era mais que muita.
Hoje, e, aqui, as conexões são outras, os assunto vários, mas, também, há um trilho , e vai valer a pena. Seguramente.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
dalizinha
terça-feira, 2 de janeiro de 2007
transcrição de uma fala silenciosa
eu sei dos meus destemperos, de minha má educação; a consciência grita, mas existe o sentido valioso de ser verdadeira.
mas vem cá! qual o problema de não saber lidar com rabos entre pernas?
isso é lixo. sei lidar é com a corrosão trespassada no estômago a quatro pés de fundura, fazendo bonito de ser estátua com órgãos que sangram.
no entanto, está forrada, pobre vítima do tempo, refén acimentada de simulacros e intestinações...
ó, quantas emoções!
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